Ministério Público apura supersalários e irregularidades na Companhia de Urbanização de Goiânia.
O pagamento de salários acima de R$ 50 mil a funcionários da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) levou o Ministério Público de Goiás (MP-GO) a instaurar uma investigação. Entre os casos apurados, está o de um trabalhador com salário-base de R$ 1,5 mil, que em novembro de 2024 recebeu um total bruto de R$ 50,3 mil, com descontos que resultaram em um líquido de R$ 23,6 mil. No mês seguinte, os valores aumentaram para R$ 52,8 mil brutos e R$ 25,4 mil líquidos.
Outros casos de supersalários
Além desse funcionário, um assessor administrativo da Comurg teve rendimentos ainda maiores: R$ 60 mil em novembro e R$ 62 mil em dezembro, enquanto seu salário-base é de R$ 5,5 mil. A situação chamou atenção após o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, citar o caso de uma auxiliar de limpeza que teria recebido R$ 44 mil mensais.
Esses valores incluem gratificações, benefícios e proventos classificados como “outros”, o que motivou o MP-GO a ampliar a investigação para apurar possíveis irregularidades na folha de pagamento.
Falhas apontadas pelo TCM-GO
A investigação teve início após o Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) apontar falhas na gestão da Comurg. Entre os problemas identificados estão a ausência de transparência na folha de pagamento desde 2019 e a falta de concursos públicos desde 2008. Há também suspeitas de nomeações irregulares, desvio de funções e um contrato potencialmente irregular entre a Comurg e a Prefeitura de Goiânia.
A companhia enfrenta ainda uma dívida trabalhista de R$ 40 milhões, agravando a situação fiscal e administrativa.
Recomendações ao prefeito
O MP-GO recomendou ao prefeito Sandro Mabel uma série de ações para corrigir as irregularidades, incluindo:
- Auditoria externa na folha de pagamento;
- Revisão e adequação do Plano de Cargos e Salários;
- Comprovação da autossuficiência financeira da Comurg;
- Correção de desvios e irregularidades que possam comprometer as contas públicas.
A prefeitura tem 15 dias para responder ao MP-GO sobre as medidas adotadas.
Posicionamento da Comurg e da prefeitura
Em nota, a Comurg afirmou que implementará um novo Plano de Cargos e Salários para alinhar suas práticas à realidade financeira e às recomendações do MP-GO. A gestão também reafirmou o compromisso com a transparência e a legalidade no uso de recursos públicos.
A prefeitura comunicou que as orientações foram encaminhadas à Procuradoria Geral do Município para análise técnica, e que o prefeito determinou a adoção imediata das medidas, se consideradas pertinentes.
O caso coloca em evidência os desafios de gestão da Comurg e o impacto de práticas salariais desproporcionais no equilíbrio das contas públicas.