Clínicas de diálise acumulam débitos de R$8 milhões com atrasos da prefeitura
A saúde pública de Goiânia enfrenta uma grave crise que pode comprometer o atendimento a cerca de 2 mil pacientes renais. Clínicas de diálise acumulam uma dívida superior a R$8 milhões devido aos atrasos nos repasses da Prefeitura de Goiânia, situação que já se estende há mais de três meses.
Risco de interrupção dos serviços
Embora os recursos do Governo Federal tenham sido transferidos dentro do prazo legal, a gestão municipal não efetuou os pagamentos em até cinco dias úteis, conforme determina a legislação. Gestores das clínicas alertam que, sem uma solução imediata, o atendimento poderá ser interrompido, colocando vidas em risco.
Clodoaldo Pereira, gestor de uma das clínicas, destacou a gravidade da situação: “Ser paciente renal é viver em uma luta constante. Cada sessão de hemodiálise é indispensável para a sobrevivência, e os atrasos nos repasses são um descaso inaceitável”, afirmou. Ele lembrou que os recursos destinados à hemodiálise são vinculados e devem ser repassados exclusivamente para este fim.
Medidas emergenciais em debate
A Associação Brasileira das Clínicas de Diálise e Transplante (ABCDT) avalia acionar o Ministério Público e o Ministério da Saúde para garantir os pagamentos. A entidade também informou ao Governo de Goiás sobre a possibilidade de assumir a gestão da Terapia Renal Substitutiva (TRS) na capital, diante da inércia municipal.
Sem uma solução à vista, as clínicas cogitam suspender o atendimento a novos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e até encerrar suas atividades. “Cada sessão de hemodiálise é uma questão de sobrevivência. Os atrasos não podem continuar”, ressaltou o presidente da ABCDT, Yussif.
Prefeitura promete repasses, mas atrasos são recorrentes
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que os pagamentos serão regularizados até sexta-feira (17). A pasta negou a suspensão dos repasses e atribuiu os atrasos ao cronograma do Ministério da Saúde.
A crise expõe as dificuldades financeiras da administração municipal, que enfrenta um déficit de R$3,4 bilhões, segundo relatório da Comissão de Transição. Apenas a Secretaria de Saúde acumula uma dívida de R$609 milhões, agravando o cenário de incertezas para os pacientes que dependem de tratamentos contínuos.